Segundo Sérgio de Oliveira Birchal, PhD e Pós Doutor em Economia pela London School of Economics (Inglaterra), os resultados da economia brasileira até esse mês (setembro de 2017), nos habilita afirmar que a economia superou a crise de 2015 e 2016 e que o crescimento para o ano de 2017 e de 2018 deve ocorrer de forma sustentada.
Depois da pior crise econômica da história brasileira, começam a surgir dados que apontam que a crise está sendo superada. O crescimento ainda deve ser lento e gradual ao longo do próximo ano, mas é possível afirmar com certeza que a economia vem reagindo. Segundo o Banco Central (BC), a inflação deve encerrar o ano em 3,2%. No entanto, pesquisa realizada pelo próprio BC, aponta que as expectativas do mercado são de que a inflação termine o ano abaixo do piso da meta (3%). Isso terá um efeito positivo para a economia, uma vez que aumenta o poder aquisitivo da população, além de permitir uma queda ainda mais vigorosa da taxa de juros.
A mesma pesquisa do BC (relatório da Focus) mostra que a expectativa é de que a Taxa Selic encerre o ano em 7%, tornando os investimentos financeiros mais atrativos, o que deve impulsionar os investimentos na economia real. Além disso, a queda da taxa de juros deve ter um impacto positivo sobre o estoque de dívidas das famílias e das empresas, além de aliviar o peso da dívida interna do governo.
Outro dado importante que sustenta esta análise são os dados relativos ao emprego, indicador que sempre é o último a apresentar resultados positivos depois de uma crise. Segundo o IBGE, no 2º trimestre de 2017, a taxa de desocupação foi de 13,0%, com retração em todas as grandes regiões, exceto no Nordeste, onde houve estabilidade na geração de empregos. Os principais destaques ficaram por conta da região Norte (com queda de 14,2% para 12,5%) e Centro-Oeste (de 12,0% para 10,6%). As outras taxas foram: Nordeste (de 16,3% para 15,8%), Sudeste (de 14,2% para 13,6%) e Sul (de 9,3% para 8,4%). Pernambuco (18,8%) e Alagoas (17,8%) registraram as maiores taxas de desocupação.
Pelo lado fiscal também há boas notícias. Segundo a Receita Federal, a arrecadação federal em agosto deste ano teve uma elevação real (descontada a inflação) de 10,48%, em comparação com agosto de 2016. O mais importante é que esta reação da arrecadação se deu, principalmente, em função do maior nível de atividade econômica no Brasil. Apesar da boa notícia, esta reação não deve aliviar as contas públicas no curto prazo, mas, mantido este ritmo, as receitas do governo devem aliviar o problema fiscal do país no médio prazo (de um a dois anos).
Pelo lado do comércio exterior, o Ministério da Indústria e Comércio Exterior (MDIC) divulgou o resultado parcial da balança comercial até o dia 24 de setembro, que somou US$51,94 bilhões no acumulado de 2017. Ainda segundo o MDIC, o saldo comercial acumulado neste ano supera o resultado positivo apurado em todo o ano passado (US$47,7 bilhões), que era o maior da série histórica (com início em 1989).
Finalmente, a expectativa do mercado segundo o relatório da Focus do BC para o crescimento do PIB em 2017 e 2018 se elevou novamente, sendo esperado um crescimento de 0,68% para este ano e de 2,30% para 2018. Segundo o IBGE, o desempenho da atividade industrial mostra que a indústria brasileira teve um crescimento de 2,5% nos últimos 12 meses (julho de 2017 contra julho de 2016). No acumulado do ano de 2017, a indústria apresenta um crescimento de 0,8%, com crescimento em quase todos os segmentos. Os destaques ficam por conta da indústria de bens duráveis e de bens de capital. Este último dado mostra que o setor industrial está voltando a investir na produção, o que sustenta a afirmação anterior de que deverá haver um aumento maior dos investimentos na economia, em detrimento dos investimentos financeiros.
Finalmente, os investimentos externos diretos na economia brasileira, deve bater um novo recorde, totalizando 75 bilhões de dólares.
Em resumo, mesmo que o desempenho da economia brasileira em 2017 esteja longe de reverter os resultados altamente negativos dos dois últimos anos (2015 e 2016), é possível afirmar que a economia superou a crise e que as expectativas é de uma retomada sustentada do crescimento econômico, mesmo com todas as incertezas no campo político.