sexta-feira, 31 de março de 2017

Por que a Reforma da Previdência é necessária?

Ultimamente muito se discute sobre a reforma da previdência social no Brasil. Duas propostas de peso do governo Temer são o Teto dos Gastos e a famosa Reforma da Previdência. Esta última tomou grandes proporções nos últimos dias, gerando protestos e paralisações. Tentarei, através desse post, ser o mais objetivo possível mostrando a importância de se fazer uma reforma hoje para evitar maiores dores (e contas) no futuro. 

Em primeiro lugar devemos entender o quadro social do Brasil nos anos recentes. Até algumas décadas atrás, a expectativa de vida era bem mais baixa que atualmente. Com a maior parte da população morando em zonas rurais, o acesso à saúde era mais difícil e as pessoas morriam cedo. Além disso a taxa de fecundidade era bastante alta (superior a 6 filhos na década de 60). Até aí nenhum mistério. A pirâmide etária era bastante larga na base e ia se estreitando até chegar ao topo. Hoje, a taxa de fecundidade diminuiu, impulsionada principalmente pela maior atividade da mulher no mercado de trabalho e que, diante desse novo cenário, escolhe por ter poucos filhos (taxa inferior a 2 nos dias atuais). Além disso a expectativa de vida aumentou cerca de 10 anos no mesmo período. Resultado disso? Uma base da pirâmide mais estreita e as demais partes, mais largas. 


Dito isso, fica fácil entender: antigamente era muita gente nova, em idade ativa, sustentando pouca gente aposentada. A conta fechava. Hoje, o cenário é outro. Um número crescente de aposentados que vivem por mais tempo dependendo de um número em declínio de trabalhadores. Um dia a conta irá entrar em colapso, certo?  Na verdade já entrou faz tempo! Há mais de uma década a situação da previdência é deficitária, ou seja, o valor gasto com os aposentados e pensionistas é superior ao arrecadado. Somente em 2016 o déficit foi de R$151,9 bilhões de reais. Considerável, não?!

Entendido a situação atual, por que uma imensa parte da população brasileira é contrária à Reforma? Porque ninguém quer pagar o pato se pode postergar. Hoje o trabalhador médio não quer saber se a conta não está fechando. Ele quer se aposentar no tempo padrão atual e depois que se resolva o problema. "Logo eu que vou pagar por isso?" se indagam. O problema é que se os trabalhadores atuais não enxergarem além do próprio umbigo, quem pagará a conta serão seus filhos (e bem mais cara). Estes filhos provavelmente pensarão como os pais: "por que eu?" e assim se formará uma bola de neve que irá estourar, trazendo consequências estrondosas à nação.

Diante deste cenário, temos 3 possibilidades principais:
1) Aumentar a arrecadação (impostos) que é destinada à previdência.
2) Emitir dinheiro para pagar os déficits anuais.
3) Reformar a previdência, aumentando o tempo de contribuição dos trabalhadores. 

A primeira opção envolve a Curva de Laffer, que basicamente diz: após atingir o ponto de máximo da curva, quanto maiores as taxas, menor a arrecadação. Já estamos ou passamos desse ponto de máximo, afinal, o brasileiro não aguenta mais impostos. 

A segunda opção, qualquer calouro em Economia já sabe o resultado: inflação. Ou seja, o dinheiro do trabalhador terá menor poder de compra, servindo quase que como um imposto obrigatório, sem poder de escolha. 

A terceira pode ser uma dor agora mas que irá evitar danos muito piores no futuro. 

Por último, para desmistificar o que vem se dizendo de boca pra fora. Ninguém é obrigado a trabalhar, pela nova proposta, por 49 anos para se aposentar. Esse tempo é o mínimo necessário para se obter a maior remuneração possível. Se quiser trabalhar menos, com remunerações mais baixas, obedecendo as faixas por tempo de contribuição, you are free to go. 


quinta-feira, 30 de março de 2017

O direito de ficar 'offline' nos momentos de lazer

        Trabalhadores de países europeus estão contando com o esforço de parlamentares para que seja a eles conferida a tranquilidade em seus horários de descanso. Isso porque é prática comum de muitas empresas a exigência da disponibilidade do trabalhador mesmo após seus horários de serviço, obrigando os mesmos a estarem sempre 'online' em seus e-mails ou aplicativos de comunicação. Essa prática faz com que o tempo do dia que deveria ser voltado para a prática de exercícios físicos, leitura de um livro, brincadeira com o filho, possa se tornar um horário para se dar continuidade ao trabalho que ainda não foi finalizado no escritório.
        Segundo o médico espanhol Mazda Adli, essa prática é "(...) um fator de estresse que surge no mais tardar com a digitalização do cotidiano(...)" e que "(...) isso pode ter efeitos sobre a saúde.". No entanto, mesmo estando o direito de ficar 'offline' em vigor em alguns países, não é isso o que acontece na prática, já que muitos trabalhadores sentem-se sujeitos a demissão caso não estejam disponíveis para questionamentos dos patrões a noite - "Muitos funcionários têm medo de que o seu empregador ameace com uma demissão se eles estiverem offline à noite." -, comenta o advogado trabalhista Johannes Klassen.
        Confira: O direito de ficar offline depois do trabalho


terça-feira, 28 de março de 2017

Um dia não muito confortável para a Amazon

Ontem, dia 28, a Amazon publicou um vídeo promovendo seu produto Kindle e fazendo alusão às práticas contra pichações adotadas pelo prefeito da cidade de São Paulo, João Dória. Iniciando com a frase de impacto "cobriram a cidade de cinza?" com tom melancólico, a empresa projetou em diversos muros espalhados pela cidade versos de poemas, livros e filmes. 

A resposta não demorou a vir. Hoje, Dória respondeu com um curto vídeo fazendo um apelo à Amazon. "Já que a Amazon gosta tanto de São Paulo, gosta tanto do Brasil, ajude a nossa cidade, ajude a quem precisa. Se vocês gostam realmente, doem livros para as bibliotecas, doem computadores para as escolas públicas municipais (...)". 

Logo em seguida, aproveitando-se do clima que surgiu após ambos os vídeos, a empresa nacional Kabum, que vende computadores e eletrônicos anunciou através de redes sociais o desejo de fazer as doações:



Por um lado, a gigante Amazon com saia justa pela cutucada não pensada, afinal, 97% dos paulistanos reprova pichações, de acordo com pesquisa realizada pela Datafolha. Por outro, uma empresa bem menos conhecida que aproveitou a oportunidade para se promover oferecendo ajuda à cidade. Jogo de interesse da última? Deixemos que aqueles que irão se beneficiar com os novos computadores e tablets respondam.



segunda-feira, 27 de março de 2017

Repercussão econômica da Operação Carne Fraca

       A Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal no dia 17 deste mês, apesar de ter desvendado um esquema corrupto entre fiscais e frigoríficos, no qual aqueles eram coniventes com irregularidades apresentadas nestes, havendo fundadas suspeitas de corrupção, teve grande repercussão nas exportações de carne do Brasil.
      Repercussão essa que atingiu negativamente o setor e, no último dia 21, o país apresentou queda de 88% em seus lucros referentes à exportação do produto. Isto porque os principais importadores do produto decidiram realizar algumas restrições e outros suspenderam por completo a compra da carne brasileira. Importante ressaltar que o Brasil já foi o maior exportador de carne do mundo em alguns períodos, e havia a expectativa de também se tornar o maior produtor, superando os Estados Unidos.
    A notícia vinculada no G1 apresenta dados monetários em relação tanto a essa queda quanto dos principais importadores de carne do Brasil. Além disso, mostra a situação que permeia a escolha política dos países que compram o produto brasileiro, e seu consequente impacto no setor.
   Confiram: Crise no setor agropecuário?



sexta-feira, 24 de março de 2017

Especialistas respondem as principais dúvidas dos trabalhadores sobre a Terceirização Irrestrita

        Foi aprovada ontem na Câmara dos Deputados o projeto de lei que libera a terceirização irrestrita. Esse projeto de lei prevê mudanças nas regras de contratos temporários de trabalhadores terceirizados, tendo como destaques a extensão da possibilidade de contrato temporário de três para nove meses (seis meses mais uma prorrogação por 90 dias), sem garantia de um tempo mínimo para renovação do contrato após o fim desse período; e a ampliação da oferta desses serviços tanto para atividades-meio (já permitidas hoje em dia), que incluem funções como limpeza, vigilância, manutenção e contabilidade, quanto para atividades-fim, que incluem as atividades essenciais e específicas para o ramo de exploração de uma determinada empresa.
        O fato é que esse projeto de lei vem causando muita divergência de opiniões, sendo que os trabalhadores terceirizados temem atitudes de má fé por parte dos empregadores, opinião essa defendida pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) - "Elas funcionam por um ano, depois fecham, dão calote em todo mundo e são reabertas com outro nome." -, enquanto há os que acreditem que as mudanças nas regras serão positivas para a flexibilização da terceirização e para a regulamentação da prestação de serviços temporários, agilizando o processo de contratação e permitindo a criação e ocupação de vagas de trabalho mais rapidamente.
        Segue, no link abaixo, a notícia na íntegra bem como uma lista com as principais dúvidas dos trabalhadores e a resposta de especialista.
 
 
 

segunda-feira, 20 de março de 2017

Na contramão da Crise: receitas da Unimed JF aumentam

        A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu art.196, assegura que a saúde é direito de todos e dever do Estado. De tal modo, o SUS (Sistema Único de Saúde) foi criado em 1998 para promover o acesso universal a esse serviço. No entanto, devido ao déficit de recursos, não apenas financeiros como humanos e técnicos, cresce em meio à Crise Econômica a saúde privada.
       Alguns apontam que esse acréscimo, vale dizer, entre as classes C e D, já que as A e B já possuíam o benefício privado, ocorre por causa da piora do atendimento do SUS, uma vez que o sistema não suporta a quantidade inflada de pacientes e o baixo número de profissionais da área, a infraestrutura precária e a demora nos atendimentos.
      É esse o panorama apresentado em nossa cidade, na qual o plano de saúde Unimed eleva sua clientela, apesar do desemprego. Confiram a reportagem na íntegra: Plano de Saúde Privado registra alta de 12% em JF



sexta-feira, 17 de março de 2017

Aeroporto de primeira classe



A notícia que se destacou nos noticiários durante a semana foi a da concessão de quatro importantes aeroportos internacionais espalhados pelo Brasil: em Salvador, Florianópolis, Porto Alegre e Fortaleza. O leilão foi uma iniciativa do governo Temer que visa iniciar um longo processo de privatizações. Entre os arrematantes, três grupos estrangeiros com vasta experiência no ramo da aviação civil: a francesa Vinci, a alemã Fraport e a suiça Zurich. A primeira ficou com o aeroporto de Salvador, Fraport com Fortaleza e Porto Alegre e a última com Florianópolis. A arrecadação soma 3,72 bilhões de reais, superando às expectativas do governo, e as concessões variam de 25 a 30 anos.

A concessão é um divisor de opiniões. Por um lado, a sensação de perda de "nossas" riquezas aos estrangeiros, por outro, a conformação de que as privatizações podem trazer excelentes resultados para o bem estar do povo brasileiro. E cá entre nós, para quem estuda economia é difícil aceitar a primeira.

O cenário atual é de aeroportos sem infraestrutura para atender a demanda. Obras não concluídas, terminais abandonados, escadas e esteiras rolantes paradas por falta de manutenção, banheiros em péssimo estado de conservação, falta de placas informativas e por aí vai. Para quem vive no Brasil, são fatos recorrentes na esfera pública, mas para muitos estrangeiros, uma calamidade, e, portanto, uma excelente oportunidade para geração de riquezas. Logo, o interesse desses grupos.

Até aí já entendemos. As firmas investirão nos aeroportos objetivando um retorno muito maior no futuro. Mas como nós, brasileiros, ganhamos com isso? Então, vamos lá.

A entrada desses grupos permitirá reformas estruturais que irão beneficiar todos os consumidores. Quem antes perdia tempo, conforto e paciência nos aeroportos, irá agora experimentar uma nova experiência: serviço de qualidade. Isso irá gerar maior credibilidade à longo prazo, estimulando o aumento de demanda, afinal, consumidores satisfeitos atraem mais consumidores. O aumento de demanda resultará em impactos significativos nas receitas, proporcionando novos investimentos. Além disso, os grupos com vasto conhecimento no setor, sabem melhor que os atuais operadores como otimizar os processos e os recursos para gerar um fluxo eficiente de operações.

Resumindo, o brasileiro pode até estar acostumado com serviços precários, mas gostar já é outra história. Basta deixar que o tempo mostre aos receosos as externalidades positivas que tais concessões irão trazer. Afinal, nada mais claro nesse panorama do que um dos princípios econômicos: o mercado pode ser bom para todos.


Fonte dos dados:






quinta-feira, 16 de março de 2017

Boas-vindas, saudações aos antigos seguidores e Reforma da Previdência

        Primeiramente, gostaria de dar as boas vindas aos novos alunos da disciplina ECO034 e saudar os seguidores que continuam a acompanhar o nosso Blog! Estamos de volta, e agora com a participação de um novo membro, Pedro Lopes, ocupando o lugar de nossa colega Graciele Carneiro, que teve que se ausentar do Blog esse período. Vamos voltar então já tratando de um assunto que vem criando muita controvérsia e polêmica: a Reforma da Previdência Social.
        Ontem (15/03/17), presenciou-se uma grande manifestação em todo o território nacional contra a Nova Previdência, com protestos a pé, paralisação do sistema de transportes, não funcionamento de escolas e universidades públicas, dentre outros. A seguir, seguirá uma breve explicação de como essa proposta afetará a vida do trabalhador(a) brasileiro(a) e de qual será a economia para os cofres públicos caso essa reforma seja aprovada.
       Em relação a idade mínima para se aposentar, principal mudança que pode ser promovida, o governo propõe adoção da idade mínima de 65 anos tanto para homens, quanto para mulheres, além de aumentar o tempo mínimo de contribuição de 15 para 25 anos, tanto para homens, quanto para mulheres também. Hoje, o trabalhador pode se aposentar por idade aos 65 anos, se tiver contribuído por pelo menos 15 anos para o INSS. Assim, a fórmula atualmente adotada seria substituída por essas novas regras, que terão um impacto significativo na diminuição do déficit orçamentário, mas que gerarão muitas críticas.Vale ressaltar que o Brasil é um dos poucos países do mundo que não estabelecem uma idade mínima para a aposentadoria. Até existe uma aposentadoria por idade (mínimo de 65 anos para os homens e 60 anos para as mulheres, desde que tenham contribuído por pelo menos 15 anos), mas, para a maioria, serve a aposentadoria por tempo de contribuição (vale atualmente a fórmula 85/95, que demanda pelo menos 30 anos de contribuição).
        Em relação a economia desejada pelo governo, o mesmo alega que a reforma se faz necessária pelo crescimento do rombo nas contas da Previdência. Em 2013, o déficit da previdência equivalia a 0,9% do PIB; em 2016, chegou a 2,4% do PIB (R$149 bilhões). Esse aumento forte e rápido se explica pela crise econômica deflagrada em 2015, que aumentou o desemprego, diminuindo o número de contribuintes. O peso dos gastos previdenciários no orçamento também é considerado muito grande: 27% das despesas do governo foram destinadas para pagar os seus benefícios, segundo o Mosaico do Orçamento da FGV.
        Concluindo, essa reforma possui claramente pontos negativos e positivos, passando para muitos a impressão de que 'nunca irão se aposentar', porém também se mostrando necessária pela não sustentabilidade financeira das atuais regras de aposentadoria.
        Mais informações sobre a Reforma da Previdência podem ser visualizadas no link a seguir:

Reforma da Previdência: entenda os principais pontos





segunda-feira, 13 de março de 2017

Boas-vindas!

    Bem-vindos à disciplina ECO034, pessoal! 

    O objetivo desta é perpassar pelos pontos mais importantes da micro e macroeconomia e, para isso, esse blog é utilizado para fornecer mais uma oportunidade de esclarecerem dúvidas e acompanharem algumas notícias, além de interagirem com a gente, monitores. 
   Nesse espaço vocês encontram temas diversos, relacionados com a matéria ministrada pelo prof. Ângelo em sala de aula ou considerados relevantes para o atual cenário econômico no qual vivemos. Dessa forma, é importante ressaltar que quaisquer sugestões de conteúdo podem ser enviadas por vocês, sendo as críticas construtivas muito bem-vindas!
    Por fim, os monitores da ECO034 estão desde já disponíveis para auxiliá-los nessa etapa e desejam um ótimo período letivo! Os horários de plantão em breve serão divulgados nesse link