O WhatsApp foi criado com base nos princípios "Sem anúncios! Sem jogos! Sem truques!", e tal frase norteava a estratégia de negócios da empresa até o momento. Entretanto, com o anúncio da saída de um dos fundadores da empresa, Jan Koum, esses princípios podem ser deixados de lado, o que sinalizaria novos rumos para a empresa comprada pelo Facebook em 2014.
A divergência interna em um dos aplicativos mais usados do mundo se dá em meio a uma pressão crescente de investidores para que Mark Zuckerberg, presidente do Facebook, prove que estava certo ao pagar US$ 22 bilhões para comprá-lo.
Uma das razões pelas quais, mesmo sendo tão popular, o WhatsApp opera no vermelho é o fato de ser totalmente gratuito. O aplicativo já foi pago no passado, mas em 2016 a empresa deu fim a qualquer tipo de cobrança, por acreditar que isso impedia o aumento do número de usuários. "Receita não era uma preocupação de Zuckerberg, senão ele não teria comprado uma empresa que havia dado um prejuízo de US$ 130 milhões no ano anterior. Ele disse que esperaria o primeiro bilhão de usuários para pensar em como tornar o aplicativo rentável."
Apesar de ainda não gerar renda, o WhatsApp gera benefícios para o Facebook. "O WhatsApp torna o Facebook mais valioso, porque empresas assim são avaliadas pela base de usuários e a frequência de uso, que, no caso do WhatsApp, só crescem", explica Tripoli. Além disso, o aplicativo também ajuda a tornar o sistema de propaganda da rede social mais eficiente, pois informa há quanto tempo uma pessoa usa o aplicativo de mensagens, com que frequência faz isso, qual é a versão do programa que está instalada no celular e ainda fornece o número de celular, o país em que o usuário está e o tipo de telefone e sistema operacional usados.
Enquanto não possui nenhuma forma de ganhar dinheiro, o aplicativo de mensagens testa outras saídas. Em janeiro, lançou o WhatsApp Business, voltado para pequenas e médias empresas. Essa versão do programa é gratuita e oferece algumas vantagens, mas o diretor de operações do aplicativo afirma que está nos planos "cobrar de empresas no futuro".
O WhatsApp também testa um sistema de pagamentos na Índia, onde tem 200 milhões de usuários, que permite às pessoas enviar e receber dinheiro por meio do programa. O aplicativo de mensagens WeChat já oferece esse serviço na China.
Uma estimativa feita pela consultoria Trefis Team, publicada pela revista Forbes em novembro, estima que o WhatsApp pode vir a ter uma receita de US$ 5,2 bilhões a US$ 15,6 bilhões se adotar as estratégias usadas por outros aplicativos de mensagens.
Concorrentes como Line e WeChat faturam a partir de um mix de publicidade, jogos, serviços de pagamentos e compras feitas por meio do programa. Isso iria contra os valores da empresa, mas eles podem estar ficando no passado, junto com seus fundadores, avalia Guissoni: "Não vai ter outra alternativa, vão ter que abrir mão de alguma coisa".
Para ler mais sobre o assunto, acesse: Como o WhatsApp ganha dinheiro?