Michel Temer começou a se despedir oficialmente da Presidência da
República na terça-feira, no discurso realizado na abertura do debate geral da
Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York.
Temer tem defendido o que chama de "vitória
contra a crise" como o principal legado de seu governo - um dos mais
impopulares do planeta, com 90% de desaprovação e 6% de aprovação, segundo
pesquisa divulgada pelo Ibope no último dia 19.
"O desafio é tentar passar uma mensagem
positiva sobre o país e a gestão. Algo como 'missão cumprida'", avalia um
auxiliar, na condição de anonimato. "É uma retórica complicada, porque o
Brasil ainda é visto como um país muito corrupto e burocrático, mesmo depois do
impeachment da (ex-presidente) Dilma."
Como fez nos anos anteriores, o presidente pretende
minimizar a impopularidade ressaltando a boa relação que mantém com deputados e
senadores, o que teria levado à aprovação de projetos como o teto de gastos
públicos, a reforma trabalhista, um plano de privatizações e a reforma do
Ensino Médio.
"Os resultados estão aí. A inflação está
novamente sob controle. A taxa básica de juros recuou ao mais baixo patamar da
série histórica. A economia brasileira retomou o caminho do crescimento",
disse Temer.
"É como uma família. Você não pode gastar mais
do que aquilo que ganha." Afirmou o presidente, após o crescimento de 1%
do PIB (Produto Interno Bruto) em 2017, após dois anos de recessão. A postura
de distanciamento absoluto do governo de Dilma Rousseff, no qual foi
vice-presidente foi mantida.
Sobre desemprego, o atual governante foi mais
discreto. "Os empregos estão voltando", afirmou, apesar de 12,9
milhões de brasileiros (ou 12,3% da força de trabalho) ainda buscarem ocupação
em todo o país, segundo os dados trimestrais mais recentes do IBGE.
Também foi na contramão do presidente americano,
Donald Trump, e ressaltou a importância de órgãos e parcerias multilaterais,
criticando medidas protecionistas e nacionalistas. Um exemplo foi a aproximação
recente entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico, que assinaram em julho um
plano de ações conjunto.
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