"Se
o povo brasileiro acha que o Petrolão foi o maior escândalo de todos os tempos
do país, esperem até ver o que fizeram no BNDES", dizia uma imagem que viralizou no WhatsApp dias
antes do segundo turno das eleições presidenciais. A imagem vinha acompanhada de
diversas outras que mostravam supostas obras financiadas pelo banco no exterior
- algumas com a frase "ah, se fosse no Nordeste", com o símbolo $ no
lugar do "s". Em postagem no Twitter em 8 de novembro, Bolsonaro
assumiu o compromisso de "abrir a caixa-preta do BNDES" logo no
início do governo, e "revelar ao povo brasileiro o que feito com seu
dinheiro nos últimos anos".
A
resposta simples é que o banco, de fato, mantinha muitos dados em segredo e se
recusava a fornecer informações. Mas isso mudou a partir de 2015, após grande
pressão da imprensa e de órgãos de controle. Desde então, o BNDES divulga
detalhes sobre seus empréstimos - não só os atuais, mas também os passados,
englobando as operações feitas durante os governos do PT.
"O
BNDES está sendo muito sincero e transparente sobre o que está acontecendo no
banco. Por incrível que pareça, o BNDES está hoje até mais avançado que outros
bancos internacionais", explica Sérgio Lazzarini, economista do Insper,
que estuda a relação entre os setores público e privado e analisa dados do
banco há mais de uma década.
O
Tribunal de Contas da União (TCU), órgão federal que fiscaliza as contas
públicas, diz que passou a receber do banco "todas as informações que lhe
foram requisitadas" - diferentemente do que ocorria antes de 2015, quando
"diversas informações e documentos solicitados pelo tribunal eram negadas
pelo BNDES". TCU e BNDES lançam neste mês, inclusive, uma nova plataforma
de dados, mostrando o fluxo de desembolsos de cada empréstimo ao longo do
tempo.
Assim,
a maior parte das informações que os críticos pleiteiam já está disponível
online. Por outro lado, há quem queira mais detalhes, como informações sobre a
análise de risco sobre os tomadores de empréstimo. No entanto, o BNDES alega
que esses dados são protegidos por sigilo fiscal e bancário e que sua
divulgação traria consequências para o mercado de capitais. Em outras palavras,
ao ter sua classificação de risco divulgada, as empresas podem ter seus
negócios impactados. A decisão sobre divulgar ou não esses dados está sendo
analisada pela Justiça.
Para ler mais sobre o assunto, acesse: Existe uma 'caixa-preta' do BNDES, como diz Bolsonaro?